sexta-feira, 19 de novembro de 2010

SANTO DE CASA NÃO FAZ MILAGRES

Quando Jesus pregava para seus conterrâneos, as pessoas ficavam admiradas e se perguntavam: de onde vêm essa sabedoria e esses milagres? Por acaso esse homem não é o filho do carpinteiro. Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas? E suas irmãs não moram conosco? Então, de onde vem tudo isso? E ficavam escandalizados por causa dos ensinamentos de Jesus, que conflitavam com os conceitos do Velho Testamento.

Jesus foi discriminado em sua própria terra, só porque pertencia a uma família pobre e humildade. José era carpinteiro e com sua esposa prestavam serviços no templo de Jerusalém, governado pelo Sinédrio, composto de 71 magistrados, como uma Suprema Corte, enfeixando poderes políticos, administrativos e religiosos.

Esse órgão máximo tinha a competência de interpretar a Lei, que fazia parte do Velho Testamento. E sempre a interpretação pendia para os mais ricos, em desfavor da camada mais pobre.

Jesus enquanto pregava para as camadas mais pobres, compostas de pescadores, pequenos agricultores e de funcionários mais humildes, era ouvido com vivo interesse. Jesus era impedido de pregar no templo de Jerusalém, onde frequentavam as elites do poder. O seu maior desejo era levar a mensagem da boa nova a sua gente, mas para isso, Jesus tinha que se contentar em pregar nas Sinagogas, que eram pequenas capelas construídas nos vilarejos ou nas periferias de Jerusalém e atendiam as necessidades religiosas do povo mais simples.

As pessoas locais não conseguiam ver em Jesus, o enviado divino e não acreditavam nele. Muitos até o rechaçavam temendo represálias do governo romano. Não queriam se indispor com o poder instituído e Jesus, pelo contrário, pregava um novo modo de viver.

Jesus tinha problemas de convivência até com a sua própria família, porque seu pai, José, tudo indica que era um funcionário do Templo, na confecção de peças em madeira (José era um exímio marceneiro). E o Templo era o centro do poder local e romano, justamente o alvo de duras críticas nos ensinamentos de Jesus.

Jesus era contundente nas suas pregações a ponto de referir-se ao grupo dominante, como hipócritas e raças de víboras. Jesus comparava essa gente como sepulcros caiados por fora e putrefatos por dentro. Tanto

Evidentemente que essa postura de Jesus incomodava seus pais que dependiam do Templo, para trabalhar e obter o sustento. Provavelmente temendo represálias, afastaram-se de Jesus, como se nada tivesse a haver com a sua pregação. Daí a omissão no reconhecimento do extraordinário trabalho de Cristo em defesa dos mais carentes e oprimidos.

Jesus colocou-se claramente ao lado dessa gente pobre e excluída e teve que suportar o quanto é duro lutar pelo direito dos mais fracos. Além da reação enfrentada por Jesus, o mais triste foi ter que enfrentar a indiferença de sua própria comunidade, de sua família, por causa de sua missão, em favor dos mais humildes.

Jesus chegou a desabafar: “um profeta só não é estimado em sua própria terra”. Frustrado, Jesus partiu para outros lugares e nem chegou a realizar os milagres e pregações que tanto arrebataram os estranhos, chegando a exclamar: o Reino de Deus será tirado de vocês e entregue aos pagãos.

Será que ainda hoje, aqueles que se dizem seguidores de Jesus não estão sendo indiferentes diante das injustiças sociais. Não estão se omitindo nas lutas para transformar a sociedade, erradicando todas as formas de opressão e injustiças?

Será que não estamos valorizando mais as coisas supérfluas e deixando de lado as coisas mais valiosas. A nossa comunidade está cheia de pessoas boas, sábias e que precisam ser reconhecidas. Precisamos ter um olhar diferente para perceber que por mais simples que seja uma pessoa na comunidade, ela tem valores inestimáveis, que só vão ser lembradas, depois que deixam de existir.
O melhor santo é o de casa. E ele faz sim milagres. Só precisamos reconhecê-los.

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