sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O NOVO CICLO DA CANA DE AÇÚCAR


A ampliação da cultura de cana no Brasil preocupa não só os ambientalistas como os economistas, que temem as mesmas consequências do período colonial, em que o território brasileiro se tornou uma grande fazenda da Coroa de Portugal.

Os efeitos catastróficos da monocultura do século XVIII no Brasil forçaram o surgimento de uma sociedade estratificada, na qual prevaleciam os grandes senhores de engenho, abastecidos por recursos do Reino e ajudados pelo latifúndio e o trabalho escravo, decretando uma situação sem qualquer perspectiva de mobilidade ou ascensão social daqueles trabalhadores.

Atualmente, embora de forma diversa, surge no horizonte, a mesma ameaça com a expansão da cana no território brasileiro, com o objetivo de produzir mais açúcar e etanol, para abastecer os mercados americano e europeu.

Com isso, reduz-se o espaço das terras produtivas de grãos (milho, soja, arroz, trigo e feijão) que sustenta uma cadeia produtiva de alimentos tanto para os humanos como para os animais, e fatalmente vai pressionar o preço de alimentos, devido a redução de oferta do produto de um lado e aumento do consumo de outro.

O próprio governo americano pressionado pelos produtores agrícolas que não abrem mão dos subsídios para a produção de grãos, estuda a possibilidade de promover maciço investimento (mais de 30 bilhões de dólares) por meio de empresas que se dizem brasileiras, mas cujo capital é estrangeiro, para comprar terras no alto de Tocantis, Goias e outros Estados do Brasil, destinadas ao cultivo de cana, mas cuja produção (açúcar e etanal) deverá ser destinada exclusivamente ao mercado americano.

Assim, com essa política, o governo americano poupa as suas terras produtivas e passa a explorar as nossas, usando a mão de obra barata e desqualificada do brasileiro, a exemplo do que ocorria no tempo da escravidão.

O governo brasileiro, por sua vez, atraído pela ganância dos bilhões de dólares dos americanos, fecha os olhos para esse grande problema, cujas consequências se farão sentir, em médio prazo, provocado pela falta de alimentos e a volta da inflação.
A política do governo brasileiro é ambígua em relação ao trabalhador, porque defende de um lado a valorização do trabalhador e aposta, de outro, na política pragmática por meio de aportes econômicos vultosos a grandes empresas, que engolem as pequenas e médias empresas, que são as responsáveis pela maioria da oferta de emprego.

Precisamos tomar cuidado com esse avanço americano, de olho na cultura da cana-de-açúcar no Brasil, que pode ser um retrocesso nas pretensões do desenvolvimento sustentado do Brasil.

A cana-de-açúcar não foi, não é e não será bom para o Brasil. Todo o bem estar do americano, com os seus carrões que mais parecem tanque de guerra, abastecidos com álcool brasileiro, será sustentado pelo sofrimento dos trabalhores brasileiros e à custa de elevado danos ambientais e sociais, que trarão consequencias danosas às próximas gerações.

O Governo brasileiro deve ser mais estratégico do que imediatista. A moeda americana se desvalorizou porque o Fed inundou o mundo com trilhões de dólares, inclusive o Brasil, com o único objetivo: exportar os seus produtos manufaturados para países em desenvolvimento como o Brasil, em troca dos produtos primários, muito mais baratos para abastecerem o seu consumo interno.

O quadro que se desenha é preocupante. O Brasil, ao invés de investir em tecnologia de ponta, deixa se seduzir com esses dólares podres, verdadeiros engodos, para enganar trouxas. Que venham os dólares, mas para financiar o crescimento e não a expansão da cana. Essa história já foi contada e o resultado todos já sabemos.
A expansão de cana de açucar no momento, mostra-se desnecessária, principalmente com o anúncio da descoberta de extensas jazidas de petróleo do pré sal, que abastecerá o mundo, trazendo lucros para o Brasil.
Não precisamos de cana. Precisamos de grãos para alimentos para sustentar a população. E num futuro próximo, o mundo vai sentir falta de comida. Chegará a nossa vez de vender os nossos prudutos a preço de ouro e ainda por cima, com reservas de energias suficientes para suprir as nossas necessidades por muito tempo, até que se possa desenvolver fontes alternativas de energia limpa.

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