quinta-feira, 9 de setembro de 2010

MINHA PRIMEIRA EXPERIÊNCIA COMO ADVOGADO NO TRIBUNAL DO JURI

Cada dia é dia para novas experiências. Cada dia é dia de novas aprendizagens. Assim caminha a humanidade. Assim caminhamos todos nós, pobres mortais nesses caminhos. Medo, quem não o tem? Dificuldades, desafios e metas? Existem para ser enfrentadas e superadas.
Assim, nesse caminhar, julgando que já tinha passado por todas as experiências de minha vida e eis que me deparo com um desafio impensável: fazer um juri e lutar pela defesa de uma pessoa, cujo destino é uma incógnita.
Nesse contexto entre a esperança e a dúvida, o compromisso de aceitar um desafio que pode dar certo e que pode não dar certo. Aceitar desafios, sempre foi o meu ponto forte.
E Deus em sua infinita sabedoria e bondade, coloca pessoas com problemas para que possamos ajudá-las a resolvê-los. Nesse ponto, nós somos apenas um instrumento nas mãos de Deus para resolver esses problemas.
Quando aceitei assumir a defesa de uma pessoa, que ainda jovem, corre o risco de ser condenada a uma pena elevada e passar toda a sua juventude numa prisão, invoquei primeiro a Deus, pedindo afirmação para um desafio muito importante na minha vida.
E nesse momento, encontrei a convicção e o entendimento como uma chama divina que me envolveu e me colocou diante do Tribunal do Juri, para promover a defesa de uma pessoa, que para mim, deveria ser absolvida de uma grave acusação.
Se Deus não me preparasse, eu iria desistir. Mas encontrei força no fundo de minha alma e lutei.
Senti que Deus, estava ao meu lado nesse momento e senti cada vez mais forte, mais preparado e mais corajoso, de sorte que mesmo sendo a primeira vez de enfrentar tal situação, parecia que era tudo já conhecido, simples e muito claro.
As palavras fluiram espontaneamente, porque estava convicto na própria inocência do réu. E esse sentimento fiz contagiar os jurados. Parece que havia uma sintonia entre o meu pensamento com os jurados.
Isso é gratificante e nos faz sentir um instrumento útil à causa da justiça.
A defesa no Tribunal do Juri, para mim, foi simplesmente um momento mágico, em que o suspense, o suor, o talento, a dedicação,a sensibilidade, a ciência, a presença de espírito, chegam no seu ponto máximo. A lógica e a adrenalina, o inesperado, o fático e o invisível tudo num só momento que decide sobre a sorte de uma pessoa.

As cenas que perpassam no nosso espírito geram um extraordinário espetáculo onde não falta emoção, com direito a gran finale.
Todo o drama humano do réu toca a cada um dos presentes, que com seus interesses e paixões, virtudes e defeitos, desvelamentos e encobrimentos, vindita e altruísmo, amor e ódio, se entrechocam dialeticamente, transformando o Tribunal do Juri numa extraordinária realidade da própria natureza humana.

"O ápice da advocacia ensina o grande e inesquecível Mestre MANUEL PEDRO PIMENTEL, é o exercício defensivo, cuja prática requer arte, um saber como, mais do que um saber o que, pois a advocacia não se confunde com o direito. Se o direito é uma ciência, a advocacia é uma arte. A arte de advogar, de defender e acusar. É uma maneira de saber fazer na prática o direito. O direito militante e a arte de saber fazer valer o direito poderia ser a definição de advocacia".

Diz ainda, o insigne mestre "a situação de injustiça dói e quebra a harmonia da ordem pública, pois os jurisdicionados passam a ver com descrédito a prestação jurisdicional que lhes é entregue e perdem a confiança. Assim, compete ao advogado defender não só o inocente, mas a majestade da própria justiça, buscando reparar o erro".

"O advogado do Tribuanal do Juri - continua o Ilustrado Professor - deve ter a coragem do leão e a mansidão do cordeiro, a altivez do princípe e a humildade do escravo, a rapidez do relâmpago e a persistência do pingo d´agua, a solidez do carvalho e a flexibilidade do bambu".
A minha primeira experiência como advogado do Tribunal do Juri, me transformou em um jovem idealista, com forças renovadas para lutar em defesa do oprimido, diante dos poderosos (Estado, com todo o seu aparato de opressão).

Nenhum comentário:

Postar um comentário